Depois do sucesso das iniciativas que, em 2015, ano do cinquentenário, abriram as portas da Celbi a antigos colaboradores e a fornecedores, num programa que incluiu ainda actividades de envolvimento com a comunidade local, como a limpeza da Praia da Leirosa, o ano de 2016 chegou pleno de novas oportunidades para uma empresa que aposta na transparência, proximidade e responsabilidade social. O primeiro Dia de Portas Abertas à comunidade local aconteceu a 13 de Fevereiro e foi um êxito a repetir.
Cerca de seis dezenas de pessoas aceitaram o repto e inscreveram-se antecipadamente para uma manhã na Celbi. Naturais ou habitantes da Leirosa e comunidades vizinhas, chegaram cedo e, com o dia frio e chuvoso, aproveitaram o pequeno-almoço de boas-vindas para quebrar o gelo, trocar os primeiros cumprimentos e aquecer o estômago. Com a boa-disposição assegurada, os participantes foram então convidados a assistir ao filme institucional da Celbi, um vídeo que ilustra, de forma resumida, não apenas a história da instituição que mudou o panorama industrial da Figueira da Foz desde a década de 60 do século passado, mas também os valores que, ao longo de meio século, têm norteado este percurso, da qualidade das matérias-primas, dos processos, dos colaboradores e do produto final, à sustentabilidade económico-financeira e ambiental.
Coube ao Eng.º Carlos Van Zeller, administrador da Celbi, falar, de seguida, sobre a empresa onde trabalha há 26 anos. Da origem sueca, a Celbi actual guardou, entre outras prioridades, a tradição nórdica de respeito pelo ambiente e de valorização da responsabilidade social, frisou o administrador. Inovadora em vários domínios, a Celbi continua a dar cartas em inúmeras questões, nomeadamente de combate às emissões poluentes e de defesa da eficiência energética, conseguindo, mesmo assim, ser «a segunda maior fábrica da Europa de produção de pasta para papel», produzindo 700 mil dos cerca de 55 milhões de toneladas que o mercado, actualmente, consome. A Celbi é ainda, sublinhou Carlos Van Zeller, «a mais moderna fábrica europeia do sector», tendo feito os maiores investimentos em modernização e protecção ambiental nos últimos anos, em valores que rondam os 500 milhões de euros. «Não existe, a nível mundial, tecnologia mais recente do que a utilizada pela Celbi», reforçou.
Consciente de ter, à sua frente, uma plateia maioritariamente constituída por habitantes da Leirosa, o administrador referiu que quanto aos eventuais impactos ambientais, a Celbi continua fortemente empenhada em entender potenciais causas e que as investigações e estudos levados a cabo pelas instituições contratadas pelas duas fábricas, estão em curso. «A Celbi tem uma relação muito próxima com a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que nos faz inspecções frequentes, a que juntamos as nossas próprias acções de autocontrolo», garantiu. «Somos muitas vezes convidados por diversos organismos para apresentações que versam sobre as nossas políticas e práticas ambientais, o que nos orgulha», acrescentou. «Mas não esquecemos que esta fábrica, que cria riqueza no concelho e dá emprego directo a mais de 235 pessoas, gerando outros tantos empregos indirectos; que gera riqueza também para o país é, ainda assim, uma fábrica. E as fábricas produzem ruídos, cheiros e outras consequências indesejadas. A actividade industrial tem impacto, assumimos, mas é um impacto que tentamos, activamente, reduzir e, no que subsiste, mitigar as tais consequências indesejadas », explicou. «Temos ouvido as pessoas, com o apoio do presidente da Junta de Freguesia, para tentar perceber as questões que as preocupam. «Já investimos mais de 2 milhões de euros só em protecção ambiental, temos silos cobertos para as aparas, para todos os equipamentos, e vamos continuar a investir e a investigar. «Peço à comunidade: entendam que estamos a fazer tudo o que é possível para minimizar o impacto da nossa actividade. Cumprimos a lei, vamos além do que a lei exige e estamos, sempre, abertos a ouvir e a melhorar», concluiu.
Esclarecida a questão, coube ao Eng.º João Rebola, Gestor de Departamento de Produção, apresentar, com recursos audiovisuais, o processo de fabrico da pasta de papel. Pela plateia passavam, entretanto, devidamente protegidas, amostras dos materiais que circulam na Celbi, das aparas de madeira até à pasta de papel branqueada e pronta a ser enviada para os clientes, outras fábricas, 95% das quais europeias, que depois a transformam, por exemplo, em guardanapos, papel higiénico ou outros bens que utilizamos diariamente. Ana Patrícia Fernandes, bolseira de investigação e doutoranda na Universidade de Aveiro, só conhecia a Celbi «de fora». Agora, após a visita, considera que “é importante, sobretudo para os cidadãos que moram perto, saberem o que se passa e o que se faz na Celbi, até porque é uma fábrica com impacto na economia local".
Depois de um breve mas esclarecedor vídeo de instruções de segurança, os participantes deste primeiro Dia de Portas Abertas embarcaram no autocarro que os levou numa visita pelas instalações fabris, com paragem numa sala de controlo de produção e ainda na máquina de secagem da pasta para papel, com uma altura de quatro andares. A visita realizou-se em dois grupos, por questões de segurança, e foi acompanhada por responsáveis da Celbi, preparados e motivados para esclarecer todas as dúvidas e responder a todas as questões.
A finalizar esta manhã animada, os participantes foram brindados com uma surpresa para recordarem durante muito tempo esta experiência: o livro “A Indústria de pasta de celulose na história da Figueira da Foz” da autoria do Eng.º Manuel Saraiva Santos, um guarda- -chuva, uma edição da revista Fibra Nova e da Declaração Ambiental mais recente da empresa, um bloco de notas e uma agenda para que 2016 seja, para todos, um ano digno de registo, pelos melhores motivos.